Medianeiras e O Artista
O que é bom é ótimo e e o que é ruim é péssimo
Onde está Wally é uma metáfora perfeita para os navegantes da Internet. Um mundo de carinhas fofas, sem consistência garantida. Quem está do outro lado é realmente quem se diz estar do outro lado? O texto em off no início di filme á pra copiar e guardar ou pendurar na geladeira pra gente se lembra todo dia que A CULPA NÃO É NOSSA e de que há coisas que não vale a pena lutar contra, mas encontrar rotas de fuga, como as janelinhas das mediareiras no filme. Que delícia um filme normal, que com encoanto e poesia fala da vida normal, cheio de esperanças e tristezas, nada de realismo, toques de poesia. Fala da cidade, logo contextualiza. Mas o texto inicial em off se aplica ao Rio de Janeiro e às cidades grandes em geral. Somos o que arquitetamos.
Tanto em Medianeiras como em O Artista, fala-se de novas linguagens, de mudanças de paradigmas, que novos modus vivendi aos quais temos que nos adaptar, ou cair fora. Pra onde? Pras cidades pequenas, onde o mundo vai ter que recomeçar. As cidades grandes estão em decadência. E já tenho muitos amigos que raparam fora e vivem respirando ar puro e indo a pé pro trabalho. Os medrosos que fiquem aqui, engarrafados, esperando o futuro.
Trailer do filme Medianeras
Trailer do filme O Artista
“A vida saudável e muito estressante.(...)
A cidade cresce descontrolada e imperfeita. Ergue milhares de prédios sem nenhum critério. Ao lado de um eclético, um cabeça de porco. (...) Ao lado de um muito alto, um muito baixo. Estas irregularidades nos refletem perfeitamente.
Irregularidades éticas e estéticas.
Prédios, que se sucedem sem lógica, demonstram uma total falta de planejamento. Como nossas vidas. Construímos sem saber como queremos que fique. Vivemos como se estivéssemos de passagem pela cidade. Somos os criadores da cultura do inquilino.
Os edifícios, como tudo pensado pelo homem, servem para nos diferenciar uns dos outros.
Estou convencido de que as separações, os divórcios, a violência familiar, o excesso de canais a cabo, a falta de comunicação, a falta de desejo, a apatia, a depressão, o suicídio, as neuroses, os ataques de pânico, a obesidade, a tensão muscular,a insegurança, a hipocodria, o estresse e o sedentarismo, são culpa dos arquitetos.”
Um filme que começa com essas palavras merece ser visto.
Trata das novas tecnologias influeciando nossas vidas. A solidão da internet que aproxima, afastando. Que conecta desconectando. A privacidade pública. A massificação banalizadora. Onde está Wally? Onde está você, que só encontro no Facebook?
A eletricidade, o navio a vapor, o telégrafo, telefone, vamos nos adaptando.
O ARTISTA precisa comunicar-se. E quando fala de si, fala de todos.
O cinema mudo morre e mata os atores de seu tempo. Surgem os atores falantes.
Somos nós, Wallys desapercebidos, desconfortáveis em frente a uma webcam.
Como disseram de várias maneiras, uma sociedade que cria necessidades, em vez de satisfazê-las.
É preciso ver os dois filmes, MEDIANERA e O ARTISTA, assim como eu fiz, um depois do outro.
Mas não façam a besteira que fiz, tentando obter mais prazer: ver, na mesma noite, um terceiro filme como A CÓPIA FIEL, um festival de clichês. Uma mistura de constelação familiar com mulher doida e intelectual sem estofo. Imaginem os dois discutindo sobre o original e a cópia...ufffffffffffff..........
Palmas para os cães, melhores amigos do homem.
Vamos dormir, nesse sábado à noite, sapateando com Wally.
09 de outubro de 2011
MARTHA MEDEIROSMedianeras
"Nunca foi tão cômodo ser solitário, e o ermitão deixou de ameaçar: agora, ele é cool.
Medianeras é o nome do novo filme argentino que está em cartaz no Brasil. Corri pra ver e descobri o significado do título: medianera, em espanhol, é aquela parte do edifício que não tem janela. É a lateral de concreto sem serventia pro morador, que o deixa sem comunicação com a cidade e que só é utilizada para a colocação de anúncios publicitários".
"Nunca foi tão cômodo ser solitário, e o ermitão deixou de ameaçar: agora, ele é cool.
Medianeras é o nome do novo filme argentino que está em cartaz no Brasil. Corri pra ver e descobri o significado do título: medianera, em espanhol, é aquela parte do edifício que não tem janela. É a lateral de concreto sem serventia pro morador, que o deixa sem comunicação com a cidade e que só é utilizada para a colocação de anúncios publicitários".